Do risco cibernético às pessoas: como a ‘nova Susep’ quer destravar o mercado de seguros no Brasil?
- Em 12 de junho de 2023
A Susep (Superintendência de Seguros Privados), órgão regulador e fiscalizador do mercado de seguros brasileiros, definiu “três grandes desafios concretos” para sua operação normativa do setor, com o objetivo de “organizar a inovação tecnológica e o sistema financeiro vocacionado ao desenvolvimento nacional”.
O novo superintendente da autarquia, Alessandro Octaviani, elencou os três eixos selecionados em evento voltado para insurtechs realizado nesta terça-feira (6) em São Paulo. São eles:
- Desafio da transição ecológica
Na visão de Octaviani, o mercado de seguros pode contribuir em um cenário no qual “o Ministério da Fazenda discute um grande incentivo, e o seguro gera oportunidades de novos negócios”, avalia. Segundo o superintendente, as insurtechs podem ser mais do que apenas um pedaço do impulsionador empresarial, que usa de muita tecnologia para se transformar, futuramente, em uma grande seguradora. É possível pensar em um ecossistema com a utilização e o desenvolvimento de tecnologia para solucionar negócios de toda a cadeia de seguros.
“Entendemos que a Susep e os poderes públicos podem ser propulsores do mercado e não só regulador, que dá o caminho e diz não. Saímos da visão negativa da regulação e chegamos em papel propositivo de ator que vai organizar o mercado”, disse. Entre as oportunidades, estariam contempladas, por exemplo, a resolução de problemas caros a um país como Brasil que tem potencial enorme de produção alimentar, baseada na agroindústria.
- Risco cibernético
Para o superintendente da Susep, o risco cibernético vai muito além do vazamento de dados e a relação com a privacidade e o dano individual. Neste campo, o desafio não é só privado, mas público também, diante da economia cada vez mais digital e um ambiente de alta complexidade de produção do risco e da segurança.
“Nem de longe os desafios são meramente privados. Estamos falando de risco cibernético colado à segurança econômica nacional. No Brasil, ainda não se fala disso do jeito que deveria, mas para os países que tomam isso como política central, como a China e os Estados Unidos, é uma questão relevante para a segurança nacional. É desse ponto de vista que a Susep olhará: pela busca de soluções securitárias no mercado privado e, simultaneamente, de soluções de segurança públicas que possam dialogar com a soberania e a segurança nacional como um todo”, indicou em seu discurso.
- Cuidar de gente
Para os dois desafios anteriores valerem, é preciso “cuidar de gente” e é esse o papel do Estado, na avaliação de Octaviani. O desafio é propor acesso a quem não tem e estruturar bem esse acesso com as mais variadas ofertas de produtos de seguros.
O superintendente exemplificou sua fala com o desbarrancamento de São Sebastião (SP), no início do ano, quando os mais impactados foram os indivíduos de baixa renda. “A cada grande sinistro que atinge nossa sociedade, quando vamos investigar sempre saímos com a mesma sensação, de que poderíamos ter tido uma política de maior acesso ao seguro, e a reconstrução das vidas das pessoas poderia ser mais rápida e com mais facilidade”.
Para as empresas que desenvolverem soluções neste sentido, Octaviani afirmou que “o ente regulador olhará com menos rigor e mais carinho”. Contudo, não basta apenas fornecer um microsseguro (seguro cujo custo e indenização para o consumidor são de valores baixos).
Fonte: infomoney.com.br
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